sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Literatura de Primavera

CONTAGEM, Mari

Naquele dia, ele disse que era péssimo em matemática. Contou os alunos. Somou 19, com ele.
Só havia treze alunos na sala. Só?
Ah, as relatividades...
MARCANDO O TEMPO, Mari

Em todos os momentos do dia, eu olho pra ele. Quando estou no banho, ficou longe dele. São poucos os minutos. Jamais o esqueço. Me sinto, sem ele, perdida no tempo.
Me sinto nua.

AMANTES, Mari

Naquele dia, acordei ansiosa. Quinta-feira, 21 de abril de 2005. era o dia do casamento.

*

O dia, passei inquieta. As horas corriam e eu não pensava em outra coisa. A noite logo chegou. Não consegui me concentrar. Ele estava lindo naquele fraque.

*

A lua de mel durou quinze dias. De início, eu não soube onde seria. Contei os dias um a um. O décimo sexto demorou a chegar.

*

Não hesitei. Liguei para ele. Nos encontramos. Não tínhamos muito tempo. Fizemos amor dentro do carro.

*

Somos casados.
SUICÍDIO, Mari

Um casamento. Felicidade.
Um filho. Antonio.
Uma traição. Ele vai ganhar um irmão.
A descoberta. Ele vai perder a mãe.

O EVANGELHO SEGUNDO KARDEC, Mari

Parecia o final de um dia comum. Dia comum? Allan saiu do trabalho e seguiu o caminho de costume. Ia para casa. Já passava das 18h. Mas aquele apenas parecia um dia comum.

Ele parou no sinal vermelho. Puxou o travão. Deixou em ponto morto. Em ponto morto? Descansou as pernas. Descansou?


Olhou no banco do carona os vários livros de biologia, sua disciplina. Entre eles um era alienígena: Só estava ali por causa da coincidência entre seu nome e o de seu autor.

À sua direita, em segundos, uma aglomeração apareceu. Até a polícia apareceu. Dois homens na sacada do segundo andar apareceram. Apareceram?

A cena foi rápida. Um deles caiu, empurrado pelo outro. Allan saiu do carro correndo.

“Vocês não vão prendê-los?”
“Prender quem, senhor?”
“Aquele homem foi empurrado. Somos testemunhas. Foi um assassinato.”
O policial responde:
“A varanda está fechada por fora. Não há ninguém lá.”